Claudio Troian - produtor cultural

Ateliê Simone Rosa
"Fica divertido conviver com a percepção de que aqui há de fato uma simbiose escandalosa. Quando o Humano encontra a Arte, abre-se o Universo de Infinitas Possibilidades. E Simone recria o mundo, para nosso deleite"
Claudio Troian - produtor cultural
DESIGN: atividade paralela a arte desde a graduação
MEIO AMBIENTE: ações e reflexões sobre o consumismo ainda na faculdade
O curso de Desenho e Plástica Bacharelado, na época em que cursei, possuía a habilitação de Arte Decorativa e tive a oportunidade de cursar várias disciplinas, fato que me aproximou do design, permitiu trabalhar com design de interiores e despertou a vontade de fazer a especialização em Estilismo do Calçado. Sem saber que mais tarde iria lecionar em graduações de Design e fazer mestrado em Engenharia de Produção - Projeto de Produto.
A preocupação com o meio ambiente e com as consequências do consumismo iniciaram ainda na graduação. A partir do diretório acadêmico formamos um grupo de estudantes de arte chamado Fazendo Arte, entre várias ações esse grupo realiza, nos ginásios, instalações artísticas feitas com o lixo de algumas cantinas das escolas; instalações interativas que o público caminhava no meio e percebia ao mesmo tempo: - a plasticidade e beleza das cascas das laranjas e demais embalagens descartadas; - o cheiro do apodrecimento das cascas. Na época não imaginava que essas questões relacionada a degradação do meio ambiente iriam permanecer na minha poética e retornar com força na série “Dicotomia: Luxo x Lixo” (2018); quando o suporte começou a ter importância e voz na minha produção.
MINHA CARREIRA: a arte. a docência e o design se fundem
Quando eu estava no segundo ano de faculdade comecei a participar de salões e fui classificada e ganhei premiações, participei de exposições coletivas e realizei a minha primeira individual. Assim considero que minha carreira artística iniciou em 1987, antes de concluir a graduação em Artes Plásticas Bacharelado, pela UFSM.
Depois de formada, precisava me sustentar, para isso sempre procurei atividades paralelas a produção artística, que já tinha inicia. Trabalhei por um ano em com design de ambientes como sócia de um escritório em Santa Maria. Em 1991 fui para Novo Hamburgo cursar uma especialização em Estilismo do Calçado e acabei trabalhando com pintura ornamental por seis anos. Em Novo Hamburgo eu convivi com os artistas do Vale dos Sinos, participei de diversas exposições e projetos juntos. Esse convívio traz boas lembranças e resultou em amizades sinceras e duradouras. Nesta época dei continuidade as pinturas com referência em onde mobiliários antigos, em uma desconstrução poética na criação da série “cenários insólitos”, que só a arte permite. A arquitetura antiga e as máscaras foram outros temas recorrentes do período que estive em Novo Hamburgo.
Em 1996, ao retornar para Santa Maria, trabalhei com cursos de pintura ornamental e restaurei a pintura ornamental e os baixos relevos do Salão Nobre da SUCV, antes de lecionar desenho no curso de Desenho Industrial da UFSM. Gostei tanto da docência que resolvi fazer o meu primeiro mestrado em Engenharia de Produção - projeto de Produto. Iniciou assim os meus dezoito anos de docência em cursos de Design.
Depois de retornar, mais uma vez a Santa Maria, tendo morado dez anos em IIjuí, lecionei novamente no curso de Desenho Industrial da UFSM e em seguida fiz meu segundo mestrado, para atender as inquietações como artista. Cursei mestrado em Arte Contemporânea (Arte e Tecnologia) pela UFSM. No mestrado realizei vídeos, com exposições de instalações de vídeo-arte. A partir deste período comecei a pintar a óleo, pintura pinturas que exigem mais dedicação e espera.
Em 2017 parei de lecionar em cursos de design e passei a lecionar pintura e orientar a produção poética de artistas iniciantes no meu ateliê. Com afastamento do meio universitário a saudade do convívio com os estudantes foi aumentando e em 2020 ingressei no doutorado em Design pela UFRGS. Em 2018 as reflexões sobre os problemas ambientais passam a protagonizar a minha produção poética, na série “Dicotomia: Luxo x Lixo”; começo a construir telas com retalhos de tecidos descartados de empresas de confecção. Em 2014, com a mesma preocupação, pintei sobre lona de caminhão. Atualmente uso papelão como suporte.
Em 2021 realizei uma exposição que no MASM, que resgata desde 2010 pinturas com referência as “Múltiplas Faces Femininas”, em diferentes questionamentos. Independente do tema a desconstrução, baseada na sobreposição e na liberdade de criar, é o cominho que escolhi para a construção de minha poesia visual, que encontrou suporte nos vídeos (instalações), nas gravuras digitais, nos desenhos e principalmente nas pinturas.
INÍCIO DO MEU INTERESSE PELA ARTE: primeiro escultura e depois desenho
Minha mãe é arte educadora, sempre me estimulou a expressão artística. Quando eu estava na 6ª série do ensino fundamental já sabia a área que eu queria seguir, no início eu gostava de escultura e no primeiro ano de faculdade percebi que o meu caminho era o desenho. O desenho é o meu meio de expressão, foco da minha docência e tema de estudo (no primeiro mestrado e agora no doutorado).
MEU PROCESSO CRIATIVO: trabalho, reflexão e inspiração
Acredito mais na “transpiração” que na inspiração, pois as melhores ideias para novas séries surgiram quando estava trabalhando, testando possibilidades. Profissionalmente me divido entre várias atividades, de áreas distintas (arte, docência e design), e a arte entra na minha agenda com horário definido para ficar produzindo no ateliê, tendo ou não exposição marcada ou projetos em vista. As novas ideias surgem quando estou trabalhando.
Currículo