Andar perambulando pela cidade, num misto de procura de endereço e contemplação da paisagem, possibilitou a criação de paisagens urbanas ficcionais de Bento Gonçalves/RS/BR. Trata-se de ambientações utópicas que revelam uma percepção do ponto de vista de uma artista/turista. Entre figuração e desconstrução é proposta uma visão diferenciada deste espaço urbano, onde o imaginário, o sonho e a ilusão se materializam em representações poéticas, imagens de diferentes lugares se sobrepõem, tirando partido da confusão própria de turistas que procura admira cada forma, transformando em poesia. Nessa configuração imaginária resultam construções utópicas, fachadas que compõem um espaço representativo que nos convida a estender uma visão diferenciada do espaço público urbano real. Acredita-se que a utopia da arte seria o caminho privilegiado para pensar, hibridar e reconstruir um espaço sensível. O espaço urbano ficcional é apresentado pela artista como um jogo poético, prédios e mobiliários urbanos, que por sobreposições, angulações e transparências, vem desestruturar as leis da perspectiva cartesiana, numa busca pela instabilidade trazem para o espaço representativo à subjetividade de suas existências, criação de visualidades onde a realidade se cruza com a ficção. Assim, realiza-se uma construção de novas possibilidades, que desperta a percepção do espaço urbano, paisagens ficcionais que buscam ir além do que habitualmente se observa, comentam não a morfologia das mesmas, resultam em uma imagem utópica e ambígua, a qual sugere uma diversidade de leituras e reflexões.